História da cidade de Viseu
Viseu é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Viseu, na região Centro e sub-região de Dão-Lafões, com cerca de 21 600 habitantes no centro histórico e 70 000 no novo perímetro urbano.
No entanto, entre os anos 712 e 1057, intervalo da ocupação árabe, Viseu era conhecida por Castro Vesense — Vesi significada "visigodo".
Outra lenda, mais verosímil e referida no brasão da cidade, sugere que aqui terá vivido um rei de nome D. Ramiro II (provavelmente Ramiro II de Leão) que, em viagem para outras terras, conheceu Sara, a irmã de Alboazar, rei do castelo de Gaia, por quem se apaixonou. Tal foi a paixão que se apoderou do rei, que este raptou Sara. Ao saber do sucedido, o irmão de Sara vingou-se raptando a esposa do rei, D. Urraca. Ferido no orgulho, D. Ramiro terá escolhido em Viseu alguns dos seus melhores guerreiros para o acompanharem, penetrando sorrateiramente no castelo, e deixando os guerreiros nas proximidades. Enquanto Alboazar caçava, D. Ramiro conseguiu entrar no castelo e encontrar D. Urraca que, sabendo da traição do marido, recusou-se a acompanhá-lo. Quando Alboazar regressou da caça, Urraca decide vingar-se do marido mostrando-o ao raptor. Ramiro, mandado executar, pede como último desejo morrer ao som da sua buzina, que era o sinal que tinha combinado com os soldados para entrarem no castelo. Ao final do sexto toque, os soldados cercam imediatamente o castelo, incendiando-o. Alboazar morreria às mãos dos soldados do rei Ramiro.
As origens de Viseu antiga e nobilíssima cidade perdem-se nas brumas do tempo. Aqui estanciaram homens das Idades remotas da pré-história e conviveram Celtas e Lusitanos, fixaram-se os Romanos em séculos de prosperidade e paz e por aqui passaram com maior ou menor detença hordas dos povos invasores: Suevos, Godos e Muçulmanos, etc...
No tempo dos Suevos, em meados do século VI, já Viseu tinha os seus bispos, de Braga. Mais tarde, porém, com a chegada dos Muçulmanos e a derrocada do reino visigodo, o receio das violências dos infiéis obrigou-os a tomar o caminho do exílio e a refugiar-se nas longínquas montanhas das Astúrias. Seguiu-se um longo período nebuloso e trágico, raramente clareado por breves lampejos de paz.
Viseu está associada à figura de Viriato, já que se pensa que este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI. No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. A reconquista definitiva caberia a Fernando Magno, rei de Leão e Castela.
Mesmo antes da formação do Condado Portucalense, Viseu foi várias vezes residência dos condes D. Teresa e D. Henrique que, em 1123 lhe concedem um foral. O segundo foral foi-lhe concedido pelo filho dos condes, D. Afonso Henriques, em 1187, e confirmado por D. Afonso II, em 1217.
Mudando frequentemente de mãos, ora em poder de cristãos, ora de maometanos, apenas no ano 1058 a cidade de Viseu, graças à arremetida vitoriosa de Fernando Magno, rei de Leão, recuperou, definitivamente, a sua liberdade. Mas foram tão fundas as feridas da rude ofensiva leonesa, que somente em 1147/1148- cem anos após a reconquista, estava a Diocese em condições de sustentar bispo próprio. Durante esses cem anos, foi a Dioceses governada pelos Bispos de Coimbra, por intermédio de Priores, o mais célebre dos quais, pelas suas virtudes foi S. Teotónio, patrono actual da Cidade. E de onde vem o nome do nosso hospital “hospital de S. Teotónio”.
Afastado para longe o perigo das razias mauritanas, pôde a população, enfim radicar-se sem sobressaltos e a Cidade refazer-se das cicatrizes e prosperar, de tal modo que, segundo Jaime Cortesão, foi Viseu um desses velhos centros urbanos que " rapidamente recuperaram o brilho transitoriamente perdido ou recrudesceram em actividade e diferenciação social ". Foram mais de três séculos de paz laboriosa e fecunda, brutalmente quebrada por fim, após 1383, quando, morto El-rei D. Fernando, o rei de Castela tentou fazer valer, pela força das armas, os seus direitos ao trono de Portugal. Então por ter seguido o partido do Mestre de Avis, passou Viseu a ser um dos alvos preferidos dos " corredores " castelhanos: mais de uma vez saqueada e queimada, a população escapou por milagre à chacina, barricando-se na Sé.
Cidade indefesa, à mercê da senha de Castela, foi assim das terras portuguesas que mais sofreram, para que Portugal continuasse livre. Mas teimou em sobreviver: qual nova " fénix " ressurgiu das próprias cinzas, mal começava a despertar no horizonte a alvorada de concórdia entre as duas nações peninsulares. Depois, ao longo da gesta heróica de quinhentos e seiscentos jamais a sua gente deixa de estar presente nos momentos mais altos da vida da nação: foi a Ceuta e Tânger, ao Brasil e à Índia...foi aos confins do Globo, mercadejar, combater, missionar...
Protegida por uma cinta de muralhas, servida por sete portas, a cidade desenvolveu-se como nunca, alindou-se. Levantou as abóbadas da Catedral, chamou Grão Vasco para seu vizinho e, orgulhosa de si, mandou esculpir nos portais, nas janelas e nas cornijas das suas casas em custosos e artísticos lavores, os sinais da sua prosperidade. É por isso que a cidade de Viseu pode justamente orgulhar-se de possuir, ainda hoje, um dos mais belos conjuntos do País, de casas, portais e janelas dos estilo gótico e manuelino, dispersos um pouco por todos os recantos, sobretudo nas típicas ruazinhas aconchegadas à Catedral.
O sol da glória, todavia, sumia-se rápido no ocaso, ao soar a hora fatal de Alcácer Quibir. A Nação decaída, prostrada, sem rei, sem honra, nem sombra seria daquilo que fora... Parecia morta, parecia perdida...eis, porém, rapidamente se ergue, bem viva e desperta ao clangor das aleluias de 1 de Dezembro de 1640. Luta e vence e de novo se levanta na aventura, agora nas florestas, nos sertões e montanhas dos confins do Brasil. Lá vêm outra vez as naus carregadas, não de especiarias da Índia, como outrora, mas de ouro e pedrarias raras das terras de Vera Cruz. Vêm a abarrotar de riquezas para El-rei D. João V...
Uma febre alta de renovação iria agora contagiar o País de lés-a-lés. Os artífices dos mais variados mesteres não terão mais os braços ociosos, insistentemente requeridos aqui e ali, presos aos seus compromissos. Capelas, igrejas, fontanários e velhos solares musguentos e bisonhos, alguns do tempo dos Afonsinhos...tudo se refez ao impulso do novo estilo, com janelas de molduras e aventais lavrados, amplos salões luminosos, fortes cornijas onde antes, urnas e pináculos esquisitos implantados nos cunhais, gordas pedras de armas arrogantes, pesadamente coroadas... As irmandades e confrarias, à compita, erguem novos templos aos seus Santos patronos ou levantam-lhes retábulos de talha " à romana " dourados de " ouro subido ". Pintam-se tectos à " bacarela ", em perspectivas audaciosas e enchem-se de lumes os autos tronos das igrejas onde se expõe o Santíssimo... Enfim, mais do que um estilo de arte religiosa ou profana, foi o Barroco um autêntico estilo de vida; estilo de vida que Viseu então adoptou também, cuidadosamente, de tal modo que a cidade profundamente marcada pelo dinamismo setecentista, ainda hoje conserva um " ar " barroco.
Todavia, cidade de existência mais que milenária, não podia deixar de reflectir no seu rosto vetusto o testemunho da passagem das sucessivas gerações. E eles aí estão, de facto, tais testemunhos: monumentos artísticos de todas as idades, felizmente poupados ao impiedoso desgaste dos séculos e à indiferença resultante dos Homens.
Podemos também falar de D. Alves Martins. O político e bispo D. Alves Martins viveu grande parte da sua vida e morreu em Viseu. Apesar de ter nascido em terras transmontanas (Granja de Alijó, a 18 de Fevereiro de 1808), Alves Martins foi uma figura marcante de Viseu, onde deu nome ao liceu e tem erigida uma estátua, no Largo de Santa Cristina, local onde esteve para ser fuzilado por motivos políticos. Na estátua, uma placa com duas frases reveladoras da incomodidade das suas palavras: "A religião quer-se como o sal na comida: nem de mais, nem de menos" e "Na minha diocese quero padres para amarem a Deus na pessoa do próximo, não quero jesuítas que vivam a explorar o próximo em nome de Deus".
Foi enquanto ministro do Reino, cargo que assumiu em 1868, que Alves Martins deu o impulso ao então Liceu de Viseu – que em 1911 passou a chamar-se Liceu Alves Martins – elevando-o à primeira classe e cedendo-lhe, gratuitamente, instalações condignas no Paço dos Três Escalões (onde hoje funciona o Museu Grão Vasco), que então era ocupado pela administração do concelho, câmara e tribunal da comarca.
Já no século XIV, durante a crise de 1383-1385, Viseu foi atacada, saqueada, e incendiada pelas tropas de Castela e D. João I mandou erigir um cerco amuralhado defensivo — do qual resta pouco mais que a Porta dos Cavaleiros e a Porta do Soar, para além de escassos troços de muralha — que seria concluído apenas no reinado de D. Afonso V — motivo pelo qual a estrutura é conhecida pelo nome de muralha afonsina — já com a cidade a crescer para além do perímetro da estrutura defensiva.
No século XV, Viseu é doada ao Infante D. Henrique, na sequência da concessão do título de Duque de Viseu, cuja estátua, construída em 1960, se encontra na rotunda que dá acesso à rua do mesmo nome.
No século XVI, em 1513, D. Manuel I renova o foral de Viseu, e assiste-se a uma expansão para actual zona central, o Rossio que, em pouco tempo, se tornaria o ponto de encontro da sociedade, e cuja primeira referência data de 1534. É neste século que vive Vasco Fernandes, um importante pintor português cuja obra se encontra espalhada por várias igrejas da região e no Museu Grão Vasco, perto da Sé.
No século XIX é construído o edifício da Câmara Municipal, no Rossio, transladando consigo o centro da cidade, anteriormente na parte alta. Daí ao cume da colina, segue a Rua Direita, onde se encontra uma grande parte de comércio e construções medievais.
Esta é a história de uma cidade 100% portuguesa, uma cidade que por sempre lutar pela liberdade sofreu muito, para que hoje Portugal seja um país livre, e não uma província Espanhola. Deixo uma pergunta no ar que muitas vezes me vem a cabeça, “será que se hoje fossemos uma província Espanhola estaríamos melhor, do que estamos sendo Portugal um país livre?” muitas vezes penso nisto, mas ainda não consegui chegar a uma conclusão.
Bem para terminar uma coisa é certa, Viseu sempre foi uma cidade de lutadores, e a meu ver continua a ser. Como canta Tristão da Silva na canção de Viseu, onde podemos ver e ouvir muito sobre a Cidade que se encontra no coração de Portugal de nome Viseu. Eis a letra do fado de Viseu;
Viseu, Senhora da Beira,
Eternamente bonita,
Fidalga e sempre romeira,
De uma beleza infinita!
--------------------------
Numa das mãos um rosário,
Na outra o fuso a bailar;
Ao longe a voz do Hilário
Cantando um fado, ao luar.
-----------------------------
Viseu, linda cidade museu,
Onde Grão Vasco nasceu,
Um génio de pintor nato.
------------------------------
Alvor, do lusitano valor
Desse general pastor
Que se chamou Viriato.
----------------------------
Viseu, das serras erectas,
Com seus castelos roqueiros;
És musa de alguns poetas,
Como foi Tomás Ribeiro.
----------------------------
Ai como eu gosto de vê-la,
Branca de neve e até
Sulcando a Serra da Estrela
De tamanquinha no pé.
Fonte: http://www.cmviseu.pt/portal/page?_pageid=402,1412937,402_1374171&_dad=portal&_schema=PORTAL#TOPO e http://thmatarazzo.bloguepessoal.com/115506/Cancao-de-Viseu-com-Tristao-da-Silva/
Viseu é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Viseu, na região Centro e sub-região de Dão-Lafões, com cerca de 21 600 habitantes no centro histórico e 70 000 no novo perímetro urbano.
No entanto, entre os anos 712 e 1057, intervalo da ocupação árabe, Viseu era conhecida por Castro Vesense — Vesi significada "visigodo".
Outra lenda, mais verosímil e referida no brasão da cidade, sugere que aqui terá vivido um rei de nome D. Ramiro II (provavelmente Ramiro II de Leão) que, em viagem para outras terras, conheceu Sara, a irmã de Alboazar, rei do castelo de Gaia, por quem se apaixonou. Tal foi a paixão que se apoderou do rei, que este raptou Sara. Ao saber do sucedido, o irmão de Sara vingou-se raptando a esposa do rei, D. Urraca. Ferido no orgulho, D. Ramiro terá escolhido em Viseu alguns dos seus melhores guerreiros para o acompanharem, penetrando sorrateiramente no castelo, e deixando os guerreiros nas proximidades. Enquanto Alboazar caçava, D. Ramiro conseguiu entrar no castelo e encontrar D. Urraca que, sabendo da traição do marido, recusou-se a acompanhá-lo. Quando Alboazar regressou da caça, Urraca decide vingar-se do marido mostrando-o ao raptor. Ramiro, mandado executar, pede como último desejo morrer ao som da sua buzina, que era o sinal que tinha combinado com os soldados para entrarem no castelo. Ao final do sexto toque, os soldados cercam imediatamente o castelo, incendiando-o. Alboazar morreria às mãos dos soldados do rei Ramiro.
As origens de Viseu antiga e nobilíssima cidade perdem-se nas brumas do tempo. Aqui estanciaram homens das Idades remotas da pré-história e conviveram Celtas e Lusitanos, fixaram-se os Romanos em séculos de prosperidade e paz e por aqui passaram com maior ou menor detença hordas dos povos invasores: Suevos, Godos e Muçulmanos, etc...
No tempo dos Suevos, em meados do século VI, já Viseu tinha os seus bispos, de Braga. Mais tarde, porém, com a chegada dos Muçulmanos e a derrocada do reino visigodo, o receio das violências dos infiéis obrigou-os a tomar o caminho do exílio e a refugiar-se nas longínquas montanhas das Astúrias. Seguiu-se um longo período nebuloso e trágico, raramente clareado por breves lampejos de paz.
Viseu está associada à figura de Viriato, já que se pensa que este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI. No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. A reconquista definitiva caberia a Fernando Magno, rei de Leão e Castela.
Mesmo antes da formação do Condado Portucalense, Viseu foi várias vezes residência dos condes D. Teresa e D. Henrique que, em 1123 lhe concedem um foral. O segundo foral foi-lhe concedido pelo filho dos condes, D. Afonso Henriques, em 1187, e confirmado por D. Afonso II, em 1217.
Mudando frequentemente de mãos, ora em poder de cristãos, ora de maometanos, apenas no ano 1058 a cidade de Viseu, graças à arremetida vitoriosa de Fernando Magno, rei de Leão, recuperou, definitivamente, a sua liberdade. Mas foram tão fundas as feridas da rude ofensiva leonesa, que somente em 1147/1148- cem anos após a reconquista, estava a Diocese em condições de sustentar bispo próprio. Durante esses cem anos, foi a Dioceses governada pelos Bispos de Coimbra, por intermédio de Priores, o mais célebre dos quais, pelas suas virtudes foi S. Teotónio, patrono actual da Cidade. E de onde vem o nome do nosso hospital “hospital de S. Teotónio”.
Afastado para longe o perigo das razias mauritanas, pôde a população, enfim radicar-se sem sobressaltos e a Cidade refazer-se das cicatrizes e prosperar, de tal modo que, segundo Jaime Cortesão, foi Viseu um desses velhos centros urbanos que " rapidamente recuperaram o brilho transitoriamente perdido ou recrudesceram em actividade e diferenciação social ". Foram mais de três séculos de paz laboriosa e fecunda, brutalmente quebrada por fim, após 1383, quando, morto El-rei D. Fernando, o rei de Castela tentou fazer valer, pela força das armas, os seus direitos ao trono de Portugal. Então por ter seguido o partido do Mestre de Avis, passou Viseu a ser um dos alvos preferidos dos " corredores " castelhanos: mais de uma vez saqueada e queimada, a população escapou por milagre à chacina, barricando-se na Sé.
Cidade indefesa, à mercê da senha de Castela, foi assim das terras portuguesas que mais sofreram, para que Portugal continuasse livre. Mas teimou em sobreviver: qual nova " fénix " ressurgiu das próprias cinzas, mal começava a despertar no horizonte a alvorada de concórdia entre as duas nações peninsulares. Depois, ao longo da gesta heróica de quinhentos e seiscentos jamais a sua gente deixa de estar presente nos momentos mais altos da vida da nação: foi a Ceuta e Tânger, ao Brasil e à Índia...foi aos confins do Globo, mercadejar, combater, missionar...
Protegida por uma cinta de muralhas, servida por sete portas, a cidade desenvolveu-se como nunca, alindou-se. Levantou as abóbadas da Catedral, chamou Grão Vasco para seu vizinho e, orgulhosa de si, mandou esculpir nos portais, nas janelas e nas cornijas das suas casas em custosos e artísticos lavores, os sinais da sua prosperidade. É por isso que a cidade de Viseu pode justamente orgulhar-se de possuir, ainda hoje, um dos mais belos conjuntos do País, de casas, portais e janelas dos estilo gótico e manuelino, dispersos um pouco por todos os recantos, sobretudo nas típicas ruazinhas aconchegadas à Catedral.
O sol da glória, todavia, sumia-se rápido no ocaso, ao soar a hora fatal de Alcácer Quibir. A Nação decaída, prostrada, sem rei, sem honra, nem sombra seria daquilo que fora... Parecia morta, parecia perdida...eis, porém, rapidamente se ergue, bem viva e desperta ao clangor das aleluias de 1 de Dezembro de 1640. Luta e vence e de novo se levanta na aventura, agora nas florestas, nos sertões e montanhas dos confins do Brasil. Lá vêm outra vez as naus carregadas, não de especiarias da Índia, como outrora, mas de ouro e pedrarias raras das terras de Vera Cruz. Vêm a abarrotar de riquezas para El-rei D. João V...
Uma febre alta de renovação iria agora contagiar o País de lés-a-lés. Os artífices dos mais variados mesteres não terão mais os braços ociosos, insistentemente requeridos aqui e ali, presos aos seus compromissos. Capelas, igrejas, fontanários e velhos solares musguentos e bisonhos, alguns do tempo dos Afonsinhos...tudo se refez ao impulso do novo estilo, com janelas de molduras e aventais lavrados, amplos salões luminosos, fortes cornijas onde antes, urnas e pináculos esquisitos implantados nos cunhais, gordas pedras de armas arrogantes, pesadamente coroadas... As irmandades e confrarias, à compita, erguem novos templos aos seus Santos patronos ou levantam-lhes retábulos de talha " à romana " dourados de " ouro subido ". Pintam-se tectos à " bacarela ", em perspectivas audaciosas e enchem-se de lumes os autos tronos das igrejas onde se expõe o Santíssimo... Enfim, mais do que um estilo de arte religiosa ou profana, foi o Barroco um autêntico estilo de vida; estilo de vida que Viseu então adoptou também, cuidadosamente, de tal modo que a cidade profundamente marcada pelo dinamismo setecentista, ainda hoje conserva um " ar " barroco.
Todavia, cidade de existência mais que milenária, não podia deixar de reflectir no seu rosto vetusto o testemunho da passagem das sucessivas gerações. E eles aí estão, de facto, tais testemunhos: monumentos artísticos de todas as idades, felizmente poupados ao impiedoso desgaste dos séculos e à indiferença resultante dos Homens.
Podemos também falar de D. Alves Martins. O político e bispo D. Alves Martins viveu grande parte da sua vida e morreu em Viseu. Apesar de ter nascido em terras transmontanas (Granja de Alijó, a 18 de Fevereiro de 1808), Alves Martins foi uma figura marcante de Viseu, onde deu nome ao liceu e tem erigida uma estátua, no Largo de Santa Cristina, local onde esteve para ser fuzilado por motivos políticos. Na estátua, uma placa com duas frases reveladoras da incomodidade das suas palavras: "A religião quer-se como o sal na comida: nem de mais, nem de menos" e "Na minha diocese quero padres para amarem a Deus na pessoa do próximo, não quero jesuítas que vivam a explorar o próximo em nome de Deus".
Foi enquanto ministro do Reino, cargo que assumiu em 1868, que Alves Martins deu o impulso ao então Liceu de Viseu – que em 1911 passou a chamar-se Liceu Alves Martins – elevando-o à primeira classe e cedendo-lhe, gratuitamente, instalações condignas no Paço dos Três Escalões (onde hoje funciona o Museu Grão Vasco), que então era ocupado pela administração do concelho, câmara e tribunal da comarca.
Já no século XIV, durante a crise de 1383-1385, Viseu foi atacada, saqueada, e incendiada pelas tropas de Castela e D. João I mandou erigir um cerco amuralhado defensivo — do qual resta pouco mais que a Porta dos Cavaleiros e a Porta do Soar, para além de escassos troços de muralha — que seria concluído apenas no reinado de D. Afonso V — motivo pelo qual a estrutura é conhecida pelo nome de muralha afonsina — já com a cidade a crescer para além do perímetro da estrutura defensiva.
No século XV, Viseu é doada ao Infante D. Henrique, na sequência da concessão do título de Duque de Viseu, cuja estátua, construída em 1960, se encontra na rotunda que dá acesso à rua do mesmo nome.
No século XVI, em 1513, D. Manuel I renova o foral de Viseu, e assiste-se a uma expansão para actual zona central, o Rossio que, em pouco tempo, se tornaria o ponto de encontro da sociedade, e cuja primeira referência data de 1534. É neste século que vive Vasco Fernandes, um importante pintor português cuja obra se encontra espalhada por várias igrejas da região e no Museu Grão Vasco, perto da Sé.
No século XIX é construído o edifício da Câmara Municipal, no Rossio, transladando consigo o centro da cidade, anteriormente na parte alta. Daí ao cume da colina, segue a Rua Direita, onde se encontra uma grande parte de comércio e construções medievais.
Esta é a história de uma cidade 100% portuguesa, uma cidade que por sempre lutar pela liberdade sofreu muito, para que hoje Portugal seja um país livre, e não uma província Espanhola. Deixo uma pergunta no ar que muitas vezes me vem a cabeça, “será que se hoje fossemos uma província Espanhola estaríamos melhor, do que estamos sendo Portugal um país livre?” muitas vezes penso nisto, mas ainda não consegui chegar a uma conclusão.
Bem para terminar uma coisa é certa, Viseu sempre foi uma cidade de lutadores, e a meu ver continua a ser. Como canta Tristão da Silva na canção de Viseu, onde podemos ver e ouvir muito sobre a Cidade que se encontra no coração de Portugal de nome Viseu. Eis a letra do fado de Viseu;
Viseu, Senhora da Beira,
Eternamente bonita,
Fidalga e sempre romeira,
De uma beleza infinita!
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Numa das mãos um rosário,
Na outra o fuso a bailar;
Ao longe a voz do Hilário
Cantando um fado, ao luar.
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Viseu, linda cidade museu,
Onde Grão Vasco nasceu,
Um génio de pintor nato.
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Alvor, do lusitano valor
Desse general pastor
Que se chamou Viriato.
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Viseu, das serras erectas,
Com seus castelos roqueiros;
És musa de alguns poetas,
Como foi Tomás Ribeiro.
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Ai como eu gosto de vê-la,
Branca de neve e até
Sulcando a Serra da Estrela
De tamanquinha no pé.
Fonte: http://www.cmviseu.pt/portal/page?_pageid=402,1412937,402_1374171&_dad=portal&_schema=PORTAL#TOPO e http://thmatarazzo.bloguepessoal.com/115506/Cancao-de-Viseu-com-Tristao-da-Silva/
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